Coisas que deixamos para trás
Existe uma gama de coisas que deixamos para trás. Eu, por exemplo, quase deixei de escrever esse texto que vocês estão lendo. Não porque eu queria, mas porque não sabia por onde começar. Muitas vezes não sabemos como começar ou prosseguir com alguma coisa, e acabamos por deixá-la para trás. É como o slogan de Entre Escolhas e Consequências: “a vida é feita de sacrifícios”, e muitas vezes sacrificamos coisas, sonhos, desejos.
E a vida.
Quando digo que
sacrificamos a vida, não me refiro a um ritual de magia negra — se bem que, né,
vai saber —, mas sim sobre os diversos caminhos que se revelam à nossa frente,
bifurcações essas que nos forçam a escolher um lado. Por vezes, esse lado
escolhido, não era o desejado, e o que você decidiu dar uma chance pode se
mostrar algo que, lentamente, vai matando você de dentro para fora.
Só que não existe
fórmula para descobrir o que é realmente favorável ou não, porém, ao colocar
nossas escolhas em uma balança, é possível ter uma ideia do que pode acontecer.
Ou ao menos imaginar. Nem tudo é certo — eu diria que nada é —, e é isso que
nos força a, de vez em quando, atirar uma flecha no alvo errado. Você pensa que
algo poderá ser ruim, mas ainda assim dá uma chance, torcendo para que esteja
errado, por ter alguém que você ama envolvido. Porém, do outro lado da balança,
há outro alguém que você ama, mas que te traz a ideia de incerteza para o
futuro, afinal, relações começam, se desenrolam e acabam um dia. O problema é quando
não estamos falando apenas disso, mas, principalmente, de sua sanidade.
Sanidade, o que é
você, meu bem?
Como qualquer
pessoa, eu fiz escolhas que me definiram, me transformaram e me destruíram (eu
juro que ainda não li Divergente). A
vida é um eterno ciclo e tudo que fazemos moldam nosso futuro, ajudam a moldar
outras vidas e a estruturar o destino. Somos um punhado de coisas e energias
que criam o tudo à nossa volta. Quando escolhemos uma alternativa, não mudamos
apenas nossas vidas, mas a de todos que nos cercam. Vidas são constantemente
influenciadas e quando deixamos algumas para trás elas tendem a nos deixar
também.
Eu deixei uma vida
inteira de possibilidades — e muitas vezes me arrependo —, mas é aquela: há
males que vêm para bem (ainda esperando por isso). Uma coisa é certa, no
fim, relações familiares que eram mínimas, por exemplo, estão sendo lentamente
reconstruídas e seladas por algo que pouco tive dessa parte de minha vida:
compreensão e amor. E, não posso me negar a dizer isso, estou adorando esse
“upgrade”, porque o que antes era quebrado, hoje está sendo restaurado. Ainda
há fissuras, sim, nada é perfeito, mas o que alcancei no momento, é muito mais
do que tive por muito tempo.
Pensar no que
deixamos para trás, nem sempre é uma boa coisa, a gente pode se lamuriar e
corroer pelos “e se”, pelo que perdemos, pelo que foi queimado e transformado
em cinzas. Entretanto, olhar para o que ficou para trás, também pode servir
como algo revigorante, afinal, quantas coisas você aprendeu? Quantas vidas
conheceu? Quantos pulos você deu em direção do desconhecido? Quantas vezes se
desafiou? Quantas vezes sonhou?
Afinal, você
aprendeu com o que ficou para trás?
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